sexta-feira, 28 de março de 2008

Love Will Tear Us Apart

Quando a rotina bate pesado e as ambições são pequenas
E o ressentimento voa alto embora as emoções não cresçam
E vamos mudando nossos caminhos, pegando estradas diferentes

Então o amor
O amor vai nos separar
De novo

Por que esse quarto está tão frio, de costas, do seu
lado?
E o meu tempo que estragou, nosso respeito
murchou tanto?
Mas ainda há esta atração
Que mantivemos ao longo de nossas vidas

Amor
O amor vai nos separar
De novo

Você grita durante o sono, todos os meus fracassos expostos?
Fique com o gosto da minha boca enquanto o desespero toma conta
Será que pode uma coisa tão boa
Simplismente não funcionar mais?

Quando o amor
O amor vai nos separar
De novo

(Joy Division)

quarta-feira, 26 de março de 2008

À espera

eu quero colocar uma roupa branca, e tê-la de trocar por causa de uma mancha. quero andar pela casa recolhendo os brinquedos espalhados. quero achar meu batom todo estragado, e marcas dele na parede. escritos no lençol da cama. comida em baixo da mesa de jantar. recadinho na mochila da escola. quero sentar no chão e apontar a caixa de lápis-de-cor. quero enfeitar as folhas dos cadernos, e encapar um por um. quero ter para-casa todos os dias. quero não poder sentar de frente a TV, e ter que procurar algo divertido o dia todo pra fazer. quero fazer o almoço de domingo com ela nos braços. quero andar na rua carregando aquela bolsa toda enfeitada de ursinhos. e almoçar no restaurante com aquela cadeira grande do lado. quero ir pra praia com um guarda sol bem grande e com a bolsa cheia de protetor solar. quero ter hora pra chegar em casa. quero acordar com aquele chororo danado. quero ter que assoprar machucado. esfriar a sopa. enfeitar festa de aniversário. chorar junto por causa de namorado. dar bronca por causa da chegada de madrugada. rir junto da paquera que está começando. comprar o primeiro sutiã. compartilhar da cólica. buscar no cinema, na primeira ida com o namoradinho. conhecer os amigos, e dar conselhos, contar minhas histórias mesmo que ela não goste. chorar de vê-la dormir. chorar sem dormir, sem saber onde ela está. te sonho, Paloma.

segunda-feira, 24 de março de 2008

o amor me merece?

as palavras despencam no pensamento
e oque hei de cantar quando o fim me cumprimentar?
o som mudo do amor incontido,
a miséria do frio em pleno calor.
serei eu cega ao olhar despido,
surda ao canto da chuva na terra.
dançarei de frente ao espelho,
cadenciadamente
olhando a felicidade forçada
refletida nas unhas vermelhas e no copo de vinho,
na cor dos lábios e o rimel nos olhos.
nada natural, tudo invocado,
proporcional ao vazio,
ao copo vazio
ao co r po vazio
à alma arredia.

domingo, 23 de março de 2008

SOLidão foi embora

domingo solidão

não existe cura

nem razão

c

a

i

o

sem expectativa,

busco distração

não quero olhar os retratos

a colcha de retalhos

nem ligar a televisão

o que eu quero está bem perto

é so dobrar a esquina

e tudo fica novo

o sol sorrindo foi embora

quinta-feira, 20 de março de 2008

A solidão é meu cigarro

Vida comizinha
Vem comer na minha mão
Vou cruzar a linha do horizonte
Bangaré
Vãos-se os dedos e os anéis
Ficam os acenos
Uns com mais e uns com menos convicção
A certeza é uma mesa
Pasta junto ao cume do vulcão
Ando tão à flor da pele,
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser,
Ando tão à flor da pele,
Que a minha pele tem o fogo do juízo final

(Zeca Baleiro)

segunda-feira, 17 de março de 2008

Viagem

tomou o ar como partida,
levitando novos horizontes
olhou longe
apontando uma saída

quando saiu de casa
não havia sol que a esquentasse
nem chuva que molhasse:
tinha um objetivo

o sertão tá virando terra da garoa
e o humor resolveu mudar também
está quente, de repente chove
está triste, de repente alegre

na premissa união
tem uma idéia de começo
e agora ela se dá conta
que não vai cometer o mesmo erro.

sexta-feira, 14 de março de 2008

...eu escrevo, me descrevo inteira. no instante do sentimento, no ápice da ideia, da lembrança, da saudade... pego a palavra bruta e arremesso no papel, na tentativa de mostrar o filme que se passa aqui dentro, e não ficar muda, só em pensamento. mas acabo muda, deixando a entender que a palavra escrita, foi o último dito meu. não posso ser representada por apenas minhas palavras, há tanta coisa pra ser dita. eu represento o instante. existe o depois depois do instante, e depois é mais a frente, e tudo pode ter mudado. há muita coisa pra ser dita, mas eu escrevo. não na obrigação de quem quer ser lida, mas na busca de uma compreensão um pouco mais profunda. me encontro em estado novo, na descoberta de quem eu realmente sou, curiosa nos meus pensamentos, surpresa com meus mais variados desejos. anda chovendo muito, e mesmo que eu tente ficar triste, achando que isso vai me ajudar a ter mais consciência, não consigo, a chuva me alegra. eu não gosto de dar explicações, aceite o meu escrito como uma arte, que é feita pra ser sentida e não explicada...

quinta-feira, 13 de março de 2008


eu pressiono os lábios, continuo franzindo a testa e meus olhos ardem como se estivessem banhandos em pimenta forte. o tempo passa lento e frio, e a chuva não me alegra. sento-me no canto da cama, e tento achar uma maneira de sair daqui. todas as portas estão abertas, mas quando eu chego no ponto de saída o coração fica pesado, as pernas bambas e eu fico até doente no mesmo instante. a mochila aberta, algumas roupas mal guardadas. você queima um incenso, e eu acendo um cigarro na expectativa de parir alguma palavra, frase, algo que mude tudo. talvez apareça uma solução. eu só quero ter o direito de não pensar, se está certo ou errado, se é o melhor ou o pior... o cansaço toma conta. mas eu não quero me acomodar.




In a Manner of speaking
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing

In a manner of speaking
I don't understand
How love in silence becomes reprimand
But the way that i feel about you
Is beyond words

Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything

In a manner of speaking
Semantics won't do
In this life that we live we only make do
And the way that we feel
Might have to be sacrified

So in a manner of speaking
I just want to say
That just like you I should find a way
To tell you everything
By saying nothing.

Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything

Ana.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Aquela Dívida

quando eu nasci,
dividiram minha vida
em suaves prestações,
365 parcelas ao ano.
uma das minhas preocupações é:
serei eu capaz de quitar essa minha dívida enorme?

sexta-feira, 7 de março de 2008

Todas as suas poesias são uma homenagem a nós mulheres.

Não sou matrona, mãe dos Gracos, Cornélia,
sou é mulher do povo, mãe de filhos, Adélia.
Faço comida e como.
Aos domingos bato o osso no prato pra chamar o cachorro
e atiro os restos.
Quando dói, grito ai,
quando é bom, fico bruta.
As sensibilidades sem governo.
Mas tenho meus prantos,
claridades atrás do estômago humilde
e fortíssima voz pra cânticos de festa.
Quando escrever o livro com o meu nome
e o nome que eu vou pôr nele, vou com ele a uma igreja,
a uma lápide, a um descampado,
para chorar, chorar, e chorar,
requintada e esquisita como uma dama.

quarta-feira, 5 de março de 2008




é como se o amor estivesse na diagonal.
ao dormir, a minha alma se sente segura e ando tentando fazer deste, um momento bem íntimo. é que as vezes meu ser tira férias, e eu acabo perdendo a intimidade comigo mesma. são passagens, que ninguém nota e que muito menos viram rotina. há coisas que só a gente sabe, e vai ser assim sempre. na hora do parto ninguém tá ali pra te dar a mão, você chega sozinho, feito pra ser um só. eupormimmesmameresolvo. eu sou assim manhã. outrora mudo. e de noite durmo melhor. um estado de alma. mútuo e alheio. um tanto quanto incoveniente, um pouco grosseira. (08:16 AM)

terça-feira, 4 de março de 2008

um certo marasmo

ser eu todo tempo.
com todo meu vocabulário
todas minhas dúvidas
todos meus sonhos
todos meus apegos
todo meu mau-humor
todas as minhas brincadeiras
toda minha vaidade
toda minha disposição
toda minha expectativa
toda minha ansiedade
toda minha molecagem
toda minha cantoria
todas as minhas novidades
toda minha preguiça
toda minha fome
toda minha dúvida
todos os meus conselhos
todos os meus conceitos
definitivamente: não é fácil ser eu tempo todo.

segunda-feira, 3 de março de 2008

desánima

ela, estranha que só
pensava sempre no pior.
pensava em mudar de religião,
mudar de cidade ou
mudar de médico.

tinha medo de encosto,
alma penada e assombração.
acendia uma vela,
mas rezar que é bom...
acabava dormindo antes.

morria de medo da verdade,
era inimiga da consciência.
queria viver em paz,
procurava a liberdade.
descobriu ganhando anos:

o sentimento depende da verdade pra existir.