quinta-feira, 29 de maio de 2008

sapato novo - marcelo camelo

(...) – bem, como vai você? levo assim, calado
de lado do que sonhei um dia
como se a alegria recolhesse a mão
pra não me alcançar
poderia até pensar que foi tudo sonho
ponho meu sapato novo e vou passear
sozinho, como der, eu vou até a beira
besteira qualquer nem choro mais
só levo a saudade morena
e é tudo que vale a pena

domingo, 25 de maio de 2008

foi quando maio chegou e me lembrou que umdiatudovirasaudade

segunda-feira, 19 de maio de 2008

caminho com a saudade...

.: algumas lembranças me deixam confusa diante dessa falta. como eu tinha pouca idade, as vezes me pergunto, se realmente aconteceu, ou se eu estou aumentando ainda mais essa saudade. naqueles últimos dias em que visitei você, meu coração batia bem apertado aqui dentro, e as lágrimas caiam de tanta dor, dor de ser inútil naquele instante, de saber que nem se eu lhe desse a mão (como antigamente) você ficaria de pé, seria uma tentativa sem solução igual a de falar, dar bom dia, perguntar se está tudo bem e esperar uma resposta tua, você só respondia com os olhos, e seu olhar trazia muita tristeza, dor e despedida. nessas horas os pensamentos torturam, e o arrependimento é algo inevitável. mas chorei foi de saudade, em momento algum de arrependimento, porque você já faz falta e mesmo daquela forma difícil em que você estava vivendo, você estava ali presente, e eu com todo meu egoísmo ficaria feliz se por toda eternidade você continuasse ali, para que eu pudesse pelo menos resmungar algumas palavras, perguntar se você fez a barba, pedir a benção, ou perguntar do jogo de futebol que passou ontem na televisão. foram anos, entrando em casa e repetindo as mesmas palavras: sua benção! quando eu estava de saída gritava: sua benção! fica com Deus! e ouvia já bem baixinho, perto do portão: sua benção minha filha, vá com Deus! tanta saudade. gostava de sentar em seu colo, e pegar as balinhas de hortelã naquele bolso mágico, com balinhas e alguns trocados, que de vez em quando eu também ganhava pra comprar papel de carta. você passava o dia todo jogando dama comigo, me ensinou cada truque, e o mais importante sempre me deixava ganhar! e eu sempre acreditava e ficava toda orgulhosa achando que tinha aprendido tão bem, que nem você ganhava mais de mim. já fui atrás de você na praça, já briguei porque tinha tomado todo meu danoninho, já chorei porque tinha batido nos cachorros... sempre lhe dei a mão para ajudar a levantar da cadeira, sempre peguei um copo de água bem gelado pra você beber, sempre mudei o canal da televisão e deixei você assistir o jornal, ou seu futebol preferido. naquele dia, no hospital em que fiquei segurando sua mão e você abriu os olhos pra mim, soube que era temporário, e entendi que você voltaria apenas pra preparar um pouco mais nossos corações. descanse, como um grande homem merece. você se foi em paz, e deixou muita saudade. guardo na lembrança aquela nossa foto, em que coloquei uma peruca cabeluda na sua careca e um berimbau na sua mão... eu com aquela cara de muleca, e aquela saia ridícula de vaquinha. que saudade vovô, pra sempre saudade :.

descansou na quarta - 14/05/2008 23:00

segunda-feira, 12 de maio de 2008










ontem eu cai,
mas o bom senso
amorteceu a queda
quebrei algumas partes
caminhei um pouco manca hoje pela manhã
quer cobrar sensibilidade?
meu tom de voz é gélido
e o mesmo frio que sopra minhas palavras
está morando aí dentro de você
então, cala-te
espera algum milagre?
já está criando raízes

gélido

do Lat. gelidu

adj.,
muito frio;
enregelado;
glacial;

fig.,
insensível, paralisado.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Exercício

inspire o ar leve

da presença de alguém do bem


expire cheiro de flor


namastê


a quem te faz feliz


segunda-feira, 5 de maio de 2008

na eterna busca, em torno de seu próprio eixo, em torno de seu apoio, dentro de sua própria direção. o que é felicidade pra você? quando as luzes se apagam, sua sombra companhia te diz algo sobre moral? alguém te cobra uma postura póstuma? quando jogam-te no mundo, não lhe ditam os perigos, e nem o dom de enxergar espíritos ruins. a maldade veste prada, é coberta de beleza, enche os olhos no primeiro instante. mãe, ouço seus sussurros, bem baixinho soam em minha lembrança, quero eu gravar todos esses ditos, e começar denovo, quero segui-los, tu és sábia, e eu meninaquerendosermulher já menosprezei várias vezes seus dizeres tão importantes. olha, as panelas estão sujas na pia, e se eu estiver com preguiça eu durmo com fome, porque as roupas, ah! as roupas tem que ser penduradas no varal. semana passada, molhou todo sofá, e já faz uns 6 dias que uso a mesma calça jeans. ontem mesmo, enquanto varria a sala, pensei em juntar poeira embaixo do tapete, mas não tem graça, eu mesma que vou ter que limpar depois. não é simples. as vezes ouço uma voz bem longe, e entro em casa correndo pra abraçar não sei quem: ninguém. na grande falta do que falar, escrevo, escrevo bastante, mas nem sempre arrisco a deixar alguém ler.