segunda-feira, 13 de agosto de 2007

O Retrato

Bem, eu me pus a olhar as memórias de Ana e Tiago, e, no fundo da gaveta da minha alma, não esquecido, mas muito bem guardado, eu encontrei o retrato que eu tirei da minha princesa na primeira vez que olhei nos olhos dela... já há quase duas voltas da Terra em torno do Sol, um retrato que eu fiz apenas com os olhos e que não desbotou mesmo depois da chuva... nele está gravado seu doce e vívido olhar, sua alma arredia, sua amável face de anjo, e o momento primeiro em que minha alma se viu atingir por uma flecha que trespassou meu ser inteiro...
Lá estava ela sentada na escada de cabeça baixa, envolta num casaco azu-celeste (a manta de um anjo), seus cabelos pousados de lado sobre o seio, e eis que ela ergue o rosto e me surpreende contemplando sua meninice... então eu disse: "Posso tirar uma foto sua?"
É inexplicável a sensação de olhar este retrato, e ver hoje concreto meu infindo sonho de amor... sinto que amá-la é a grande dádiva que me foi dada na face de um sonho...
É a sua voz a melodia mais bela, seus olhos o quadro sublime pintado pela natureza... agitados ao vento, como brilham seus cabelos; longos e radiantes, eles são as pétalas que pendem da flor e contam a história dessa flor amaduecida forte e fértil, e agitados ao vento como brilham!
Corpo de Ana, saborosa fruta de amora... a vi menina, e hoje mulher... eflorescência advinda do seio da virtude... a natureza de seu ser mulher é dom raro...
Houve um tempo em que veio a tempestade em nossas vidas, e meu caminho vagou em alto-mar, mas o que nasceu naquela tarde vive hoje intenso ofuscando até o sol....
Eu fui até o fundo do oceano buscar esta pérola, e quando emergi e voltei à terra firme a vida me concedeu a dádiva de guardar essa pérola, e cuidar dela com carinho contra os maus-tratos do mundo, e vê-la brilhar ao sol... e ser amado pela mais formosa criatura que a natureza humana concebeu...
Hoje compartilhamos a mesa, por isso temos a mesa farta... compartilhamos o sono em nossa cama, e deitados adoçamos a boca ao sabor de sorvete e chocolate, depois de criarmos os mais incríveis e saborosos pratos, nos deliciamos ao som de belas canções que nos embalam abraços e ditas de amor... somos companheiros fiéis, cúmplices, amantes noite adentro, dia e noite construindo e alimentando sonhos verdadeiros... ouvimos o vento passar... construímos nosso vilarejo... comtemplamos as estrelas brilhantes deitados em nossa cama... é magia a comunhão de nossas almas...
Já ouvimos o canto do colibri, o bentevi chorar, vimos um lírio tristonho aflorar mundo afora... nos abraçamos num abraço semdeixarnenhumespaço...
Somos um para o outro o que a água é pra flor...
Sempre há de ser colorida a lembrança de cada palavra dita... as canções que cantamos juntos, cada manhã acordada ao seu lado, cada sonho compartilhado...
Quando um dia perguntei, Ana, o que seria essa força, essa rima a nos unir, seria amor?
Ana esclareceu "é mais que amor"...

Eu, reconheci teu olho
no retrato que eu fiz de um anjo

eu, às vezes não sei o que dizer
é que o silêncio fala alto

eu, uma vez improvisando
disse que te quero
que te quero bem

veja, veja você mesma
essa nossa natureza
é uma forma de ser livres

qual é a pergunta que vem do seu sangue?
dá voz e coração pulsante ao novo canto
e canta com firmeza: a música está, com certeza,
preenchendo todos espaços...

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