terça-feira, 1 de abril de 2008


Pouso

pele veludo branco, macieira dos sonhos
me acompanha teu lírio tristonho
se o colibri ainda voa longe
eu parada peço pra ficar

a murcha-flor assusta o pássaro que a beija
o rosto que se aproxima não quer nem deseja
chora beija-flor, não estás sozinho
não foi só tu que perdeste o ninho

canto fugaz, doí e não é efémero
uma dose de veneno, comprimido
quanta gente por aí não terá
a metade de todo poema que o mundo faz

eu espero, deito-me na janela
cante suas dores, liberte seus amores
estou com aquela saia e a flor no cabelo
pousa nos meus ouvidos, tudo ficou no lugar.

18 comentários:

Francieli Hess disse...

Belo, intenso e profundo. Voltarei por aqui mais vezes, tenho certeza de que a visita vale a pena.

Camila disse...

que fácil a leitura, pareceu-me um banho em uma lagoa calma e transparente...
que tranquilidade...

"cante suas dores, liberte seus amores..." nem sabes que minha palavra preferida é liberdade?

beijos daqui...

Esch Haim disse...

uma longa história íntima em alguns versos que me comovem e muito porque eu os vivi. nós os vivemos. e são realidade constante não na lembrança mas à flor-da-pele. te amo princesa

Esch Haim disse...

lindo demais, ainda mais vindo de você.
já reparou na forma a primeira e da última estrofe?
formas complementares... amora amora... seu poema é uma cacho de uvas, o doce e o amargo...

Samantha Abreu disse...

suas poesias são lindas...
beijos!

nj.marabuto disse...

eita! rolou um portishead - glory box de fundo quando parei aqui pra ler. a cadência de contrabaixo da música compôs com cada uma destas palavras doces e sóbrias o roteiro de um teatro de sonhos.

DESTACO:
"quanta gente por aí não terá
a metade de todo poema que o mundo faz" - rascante verdade!

ps.: ah, escuta essa música lendo o que escreveste. presta atenção em tudo que conseguires perceber. depois me conta. (rs)

Amanda Beatriz disse...

tanta delicadeza! e essa foto é linda!
beijos!

Filipe Garcia disse...

"quanta gente por aí não terá
a metade de todo poema que o mundo faz"

Muita gente não sabe... mas a nossa matéria é feita da mais pura poesia. rs.

Muito bom, Ana. Você conseguiu me inspirar nessa manhã. Tudo muito belo.

Beijos.

Anônimo disse...

"a murcha flor assusta o pássaro que a beija".
Acho que hoje eu sou flor acuada e meu beija-flor está muito assustado,...
Mas passa...

Beijos.

Narradora disse...

Lindo poema.Gostei muito, principalmente dessa parte: "quanta gente por aí não terá/ a metade de todo poema que o mundo faz."
Pois é menina, quanta gente?
Bjs.

Sabrina disse...

tudo no lugar
nada como antes
caminhos da vida
andemos!

um beijo grande

Anônimo disse...

nossa...que lindo!!!!
muito lindo tudo isso!!!
abração!

A que está escrita. disse...

Seu texto me fez pensar em coisas perdidas, pedaços desaparecidos que só continuam assim porque não nos encontramos ainda com a hora e o lugar de serem vistos. Poemas pela metade, vividos por pessoas que não conhecemos. Lindo post, como sempre.

Clareana Arôxa disse...

vi a tua entrevista no Entre Vistas e tava comentando com o meu namorado que te imaginava totalmente diferente. Imaginava um mulherão com seus 20 e poucos anos. Tu é uma menina cheia de vida, fiquei tão feliz com isso.
haha

beijo!

Renato Ziggy disse...

Se eu soubesse, pintaria essa imagem tão bela que construistes com as palavras. Bjos e prazer em ler-te!

*Posso linkar-te, né?

La Maya disse...

Ando me sentindo feito esse beija-flor que perdeu o ninho. Assim, meio sem chão, sem saber pra onde ir... mas querendo chegar. Querendo encontrar.

E faço coro ao Filipe Garcia:
"Muita gente não sabe... mas a nossa matéria é feita da mais pura poesia."

Beijos!

:: Daniel :: disse...

Seus versos me silenciaram diante de tanta delicadeza.

[Suspiro]

Muito bonito isso aqui, Ana!

Bjos,
Daniel

Bárbara M.P. disse...

:-)

Doce, Aninha.

Delicado e arredio...


Beijão carinhoso,
Bárbara