Pouso
pele veludo branco, macieira dos sonhos
me acompanha teu lírio tristonho
se o colibri ainda voa longe
eu parada peço pra ficar
a murcha-flor assusta o pássaro que a beija
o rosto que se aproxima não quer nem deseja
chora beija-flor, não estás sozinho
não foi só tu que perdeste o ninho
canto fugaz, doí e não é efémero
uma dose de veneno, comprimido
quanta gente por aí não terá
a metade de todo poema que o mundo faz
eu espero, deito-me na janela
cante suas dores, liberte seus amores
estou com aquela saia e a flor no cabelo
pousa nos meus ouvidos, tudo ficou no lugar.
18 comentários:
Belo, intenso e profundo. Voltarei por aqui mais vezes, tenho certeza de que a visita vale a pena.
que fácil a leitura, pareceu-me um banho em uma lagoa calma e transparente...
que tranquilidade...
"cante suas dores, liberte seus amores..." nem sabes que minha palavra preferida é liberdade?
beijos daqui...
uma longa história íntima em alguns versos que me comovem e muito porque eu os vivi. nós os vivemos. e são realidade constante não na lembrança mas à flor-da-pele. te amo princesa
lindo demais, ainda mais vindo de você.
já reparou na forma a primeira e da última estrofe?
formas complementares... amora amora... seu poema é uma cacho de uvas, o doce e o amargo...
suas poesias são lindas...
beijos!
eita! rolou um portishead - glory box de fundo quando parei aqui pra ler. a cadência de contrabaixo da música compôs com cada uma destas palavras doces e sóbrias o roteiro de um teatro de sonhos.
DESTACO:
"quanta gente por aí não terá
a metade de todo poema que o mundo faz" - rascante verdade!
ps.: ah, escuta essa música lendo o que escreveste. presta atenção em tudo que conseguires perceber. depois me conta. (rs)
tanta delicadeza! e essa foto é linda!
beijos!
"quanta gente por aí não terá
a metade de todo poema que o mundo faz"
Muita gente não sabe... mas a nossa matéria é feita da mais pura poesia. rs.
Muito bom, Ana. Você conseguiu me inspirar nessa manhã. Tudo muito belo.
Beijos.
"a murcha flor assusta o pássaro que a beija".
Acho que hoje eu sou flor acuada e meu beija-flor está muito assustado,...
Mas passa...
Beijos.
Lindo poema.Gostei muito, principalmente dessa parte: "quanta gente por aí não terá/ a metade de todo poema que o mundo faz."
Pois é menina, quanta gente?
Bjs.
tudo no lugar
nada como antes
caminhos da vida
andemos!
um beijo grande
nossa...que lindo!!!!
muito lindo tudo isso!!!
abração!
Seu texto me fez pensar em coisas perdidas, pedaços desaparecidos que só continuam assim porque não nos encontramos ainda com a hora e o lugar de serem vistos. Poemas pela metade, vividos por pessoas que não conhecemos. Lindo post, como sempre.
vi a tua entrevista no Entre Vistas e tava comentando com o meu namorado que te imaginava totalmente diferente. Imaginava um mulherão com seus 20 e poucos anos. Tu é uma menina cheia de vida, fiquei tão feliz com isso.
haha
beijo!
Se eu soubesse, pintaria essa imagem tão bela que construistes com as palavras. Bjos e prazer em ler-te!
*Posso linkar-te, né?
Ando me sentindo feito esse beija-flor que perdeu o ninho. Assim, meio sem chão, sem saber pra onde ir... mas querendo chegar. Querendo encontrar.
E faço coro ao Filipe Garcia:
"Muita gente não sabe... mas a nossa matéria é feita da mais pura poesia."
Beijos!
Seus versos me silenciaram diante de tanta delicadeza.
[Suspiro]
Muito bonito isso aqui, Ana!
Bjos,
Daniel
:-)
Doce, Aninha.
Delicado e arredio...
Beijão carinhoso,
Bárbara
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