quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Meu horizonte

Amoras despontam ao entardecer
não sei se é o tempo
ou as raízes fortes
que abraçam a terra
o que as faz crescer

às vezes venho me banhar nas águas
à beira do teu lago
tua existência dá o afago
e mata a sede e seca as mágoas

óntem eu vi o sol
vi o sol sorrir pra mim
dentro dos teus olhos
no meio daquele abraço
nasceu uma saudade de amanhã
de amanhã acordar os teus olhos
antes de o sol nascer
e te mostrar como é meu horizonte
perto de você chegar

amoras despontam ao amanhecer
maduras, novas, inúmeras amoras
na bem-aventurada terra que habitamos

terça-feira, 28 de agosto de 2007

A LUA



Se o homem chegasse as alturas a última coisa que notaria seria a LUA...

Foto by Ana Cláudia - 25/08/07

domingo, 26 de agosto de 2007

Fonte

Fez silêncio o pássaro na janela. Pela madrugada afora, a ave chamada Aurora apareceu, plena de raios de sol, e raios de chuva... Veio anunciar ao tempo o fim do inverno. Agora Ana brilha intensa nas duas faces de um sonho: a que se sonha dormindo e a que se acorda enamorado... Cantou o pássaro na janela. Por toda fonte que jorra ressoara o canto. Em todo canto se ouvia aquela melodia que entorpece os corações, dá de beber à alma em pleno deserto a frutificar a terra vazia, aquela melodia que o pássaro na janela cantou. E nesta incessante fonte que gera um sonho, abandonei-me a deleitar os seus mais belos sorrisos, frutos do luar. Em algum lugar sempre esperou por mim, e eu sob a tempestade fui buscar Ana. E depois de caída toda água e atravessado tanto mar, resplandecera a Primavera Ana... Ana primícia, somos nova era e gosto de amora... Ana minha Primavera...

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Rotina Noturna

Paloma pinta as unhas de roxo.
Quando o relógio aponta 02:00 da manhã ela se levanta e vai até a cozinha tomar um copo de suco.
Usa uma pantufa verde e arrasta os pés durante todo o corredor.
Seus cabelos negros caem sobre seu rosto e descem até a cintura. Entrelaça os dedos no cabelo e dá um nó bem forte, nó tipo marinheiro.
Belo rosto. Ela caminha de volta ao quarto, mas não vai sem antes abrir a porta da sala de jantar e sentir o sereno, dar um suspiro bem forte e abraçar sua cachorrinha que se mantém ali estática esperando uma manifestação de carinho.
Volta para o quarto, já são 02:33, o silêncio está como ela gosta.
Na escrivaninha está tudo espalhado, livros, escritos, livros e livros... adora, ela adora.
Acende a vela, ajeita o porta-retrato, e antes de se deitar na cama, ajeita o quadro que sempre fica mais caído para um lado (o esquerdo).
É são quase 03:00.
Deita e se acomoda debaixo da colcha, nada melhor que seu quarto. É um tipo de biblioteca, um descanso, um recanto espiritual...
05:50!
O rádio-relógio desperta, toda manhã na mesma estação...
Levanta, acende teu cigarro, traga seu cansaço. Poucas vezes sente medo, sua alma arredia desbrava cada dia com calma e alegria.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Maré

Ana,
minha querubina
que te quero bem
a minha bambina
sou eu quem te tem
tanto mais que amor
eu vou aonde você for

Ana Serafim
a razão por que vim
encontrar a razão
das coisas que são
já não há contraste em nossa pele
só há o beijo que sele
a comunhão na vida e no drama
a voz do caminho que nos chama
a compartilhar a mesa, o sonho,
o vinho, e a cama

- você viu a lua?

À minha Iaiá, com amor

:
ouve chegar a primavera...
o vento faz a semeadura...

doce de Iaiá, vem da fruta madura,
da verdadeira fruta de amora.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Tá aí!


Teatro: Transtornos Marginais
Estrelando: Esquizofrenia - Vinícius
Roberto - Álvaro
Ego - Ana Cláudia

Corre! Corre!
Seja o que for pra ser...

domingo, 19 de agosto de 2007

Haikai para uma flor

Ana povoou meu deserto
somos um sonho concreto

descobri um girassol dentro dos teus olhos

é que o mundo tem só o sol do deserto quando você não está por perto

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Réplica

"...de repente os olhos são palavras..."
(Pablo Neruda)

Ana,
...e as palavras de olhos fechados vêm sons, e como um sonar, sentem onde reverberam...
meu corpo reflete tuas palavras e de olhos fechados sei onde está você: a distância nenhuma do centro de mim.

Tiago

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Drawing Hands


1948 Lithograph, Escher.
Drawing Hands is a lithograpy by the Dutch artist M. C. Escher which was first printed in January 1948. It shows a sheet of paper out of which rise, from the wrists which remain flat on the page, two hands, facing opposite and apparently in the act of drawing one another into existence, a curiously satisfying paradox. The image is a kind of strange loop.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Corre

Levanta...
O dia estanca
a noite desmancha
O lápis na mão
corre a folha e
descreve a andança

7 dias. 7 vidas
o gato preto
cheira a melancolia
a sala de estar
abriga a mania
de achar que amanhã é outro dia

Mas o corre é o mesmo
e até debaixo do chuveiro
se faz contas nos dedos
Nas mãos o desespero
e a música toca a certeza
de saber que amanhã estarei cometendo o mesmo erro.

O Retrato

Bem, eu me pus a olhar as memórias de Ana e Tiago, e, no fundo da gaveta da minha alma, não esquecido, mas muito bem guardado, eu encontrei o retrato que eu tirei da minha princesa na primeira vez que olhei nos olhos dela... já há quase duas voltas da Terra em torno do Sol, um retrato que eu fiz apenas com os olhos e que não desbotou mesmo depois da chuva... nele está gravado seu doce e vívido olhar, sua alma arredia, sua amável face de anjo, e o momento primeiro em que minha alma se viu atingir por uma flecha que trespassou meu ser inteiro...
Lá estava ela sentada na escada de cabeça baixa, envolta num casaco azu-celeste (a manta de um anjo), seus cabelos pousados de lado sobre o seio, e eis que ela ergue o rosto e me surpreende contemplando sua meninice... então eu disse: "Posso tirar uma foto sua?"
É inexplicável a sensação de olhar este retrato, e ver hoje concreto meu infindo sonho de amor... sinto que amá-la é a grande dádiva que me foi dada na face de um sonho...
É a sua voz a melodia mais bela, seus olhos o quadro sublime pintado pela natureza... agitados ao vento, como brilham seus cabelos; longos e radiantes, eles são as pétalas que pendem da flor e contam a história dessa flor amaduecida forte e fértil, e agitados ao vento como brilham!
Corpo de Ana, saborosa fruta de amora... a vi menina, e hoje mulher... eflorescência advinda do seio da virtude... a natureza de seu ser mulher é dom raro...
Houve um tempo em que veio a tempestade em nossas vidas, e meu caminho vagou em alto-mar, mas o que nasceu naquela tarde vive hoje intenso ofuscando até o sol....
Eu fui até o fundo do oceano buscar esta pérola, e quando emergi e voltei à terra firme a vida me concedeu a dádiva de guardar essa pérola, e cuidar dela com carinho contra os maus-tratos do mundo, e vê-la brilhar ao sol... e ser amado pela mais formosa criatura que a natureza humana concebeu...
Hoje compartilhamos a mesa, por isso temos a mesa farta... compartilhamos o sono em nossa cama, e deitados adoçamos a boca ao sabor de sorvete e chocolate, depois de criarmos os mais incríveis e saborosos pratos, nos deliciamos ao som de belas canções que nos embalam abraços e ditas de amor... somos companheiros fiéis, cúmplices, amantes noite adentro, dia e noite construindo e alimentando sonhos verdadeiros... ouvimos o vento passar... construímos nosso vilarejo... comtemplamos as estrelas brilhantes deitados em nossa cama... é magia a comunhão de nossas almas...
Já ouvimos o canto do colibri, o bentevi chorar, vimos um lírio tristonho aflorar mundo afora... nos abraçamos num abraço semdeixarnenhumespaço...
Somos um para o outro o que a água é pra flor...
Sempre há de ser colorida a lembrança de cada palavra dita... as canções que cantamos juntos, cada manhã acordada ao seu lado, cada sonho compartilhado...
Quando um dia perguntei, Ana, o que seria essa força, essa rima a nos unir, seria amor?
Ana esclareceu "é mais que amor"...

Eu, reconheci teu olho
no retrato que eu fiz de um anjo

eu, às vezes não sei o que dizer
é que o silêncio fala alto

eu, uma vez improvisando
disse que te quero
que te quero bem

veja, veja você mesma
essa nossa natureza
é uma forma de ser livres

qual é a pergunta que vem do seu sangue?
dá voz e coração pulsante ao novo canto
e canta com firmeza: a música está, com certeza,
preenchendo todos espaços...

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Transtornos Marginais

Ontem! Ontem foi o primeiro ensaio! O primeiro dia de ensaio de " Transtornos Marginais", texto de Didi Monteiro e Rafael Oliveira. O Grupo por Nossa Conta, começa a dar seus primeiros passos, com ensaios, reuniões... já está acontecendo!
[O Grupo por Nossa Conta é o filho mais velho do movimento "Literatura Já", tendo em vista que, o grupo se nutre de princípios adotados pelo movimento como o fomento da arte marginal e a distribuição de arte e cultura gratuita. O grupo tem como objetivo a concretização de um núcleo de artistas/produtores que irão trabalhar com a produção, divulgação e distribuição de formas de cultura e arte marginal. Funcionará como um banco de dados contendo cadastros de artistas marginais que atuam dentro da cidade Uberlândia-MG.]
Foi um sentimento de muita realização quando nos encontramos ontem e começamos a ver a criança dar os primeiros passos. Todo mundo está começando junto, dia 5 de outubro... aguardem!

Assista o Vídeo Poesia Falada.
http://br.youtube.com/results?search_query=grupo+por+nossa+conta
Ator marginal: Vinícius Veronese
Poesia: O Sol
Autor: Rafael Oliveira
Organização: Grupo por Nosa Conta

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Flor de São José

Para Ana

2006


um lírio tristonho aflorou mundo afora

na face de um sonho

sem ter por quê ser


estar aí mina a fonte

retrato do mundo é o homem

e ele tem fome

mas prefere um porre pra provar que não morre


o mal de ser teu bem

é dizer teu nome e também ser a fonte da dor

ah você será a flor que corre rio aflora... e eu rio por dentro


sei dos teus passos quando fica o perfume que a água não leva


às vezes sei: você vem passear na rua nua de ilusões

pousa no ombro os cabelos

e eu descanso minhas mãos nos teus fios

eternos como a noite que vivemos

desde a primeira tarde o amor insiste




Abajour

Para Ana

2006


A mão do cupido

Arrancou à força da plena rocha

Um coração já roxo

Com uma flecha esculpido



Tornou a ver a luz do sol

O animal que ama

O tempo pára quando a chuva cai

vem a noite, vem o dia

água de rio, alma arredia



hoje antes de dormir

abro o abajur

faz-se luz e sombra no papel

e na folha branca a sombra de um poema iluminado


A Pérola

Para Ana

Fomos tão longe num mergulho
até o fundo do mar
as cores e os corais contemplar

inesperadamente eu e você
com a surpresa de quem vê
reluzir a cor da alma na palma da mão
a pérola rara que colhemos no fundo do mar
trazida à tona a brilhar

então respiramos inseparáveis

Falta tempo

"O Teatro Mágico"

Infelizmente sempre falta tempo para que eu faça as coisas das quais eu gosto, mas já me acostumei a esperar. Final de semana muito bom para uma cidade que custa a nos trazer oportunidades de conhecimento. "O Teatro Mágico" realmente é mágico, e o mais importante: a entrada é só para raros. Segue um poema que para mim tem um significado grande e intenso.


Para Ana

Chove...
por ser tu aquarela
emana
as cores dessa canção
Por ser eu
eu te chamo
Porcelana

Tocar teu íntimo
ao ritmo da danca
cigana

Na humana companhia tua
contemplar o eclipse da lua

...E todas as janelas se abriram
A casa recém-descoberta
Almejo com um beijo
fechar teus olhos:
sonha agora

Eu te chamo
- Tu respondes?
- Onde?
- Aqui, detrás do arco-iris
Fiz de mim uma canção
Pra anunciar ao sol a lucidez dos olhos teus

Eu te chamo, Ana
A distância comove as montanhas