quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O olhar é a expressão NUA DA PERSONALIDADE,

entrega o jogo sem rodeios

A pupila é a ponte entre a mentira e a verdade

quanto mais dilatada, mais falso soa.

dolor agradable

(estavila)

em pedaços desordenados

esquisita, sem forma
sem jeito e sem vontade

a cabeça eletrizada
a roupa suja
e o sapato sem par

a calça curta
a blusa apertada
e o vestido amarrotado

estou do avesso
e ninguém notou

vida pequena

queria dormir mulher
e acordar Alice.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Contraste




o que reluz na penumbra

é o brilho do meu corpo
igual ao óleo essência de maracujá
que você usava depois do banho

desta vez eu não sai do banho,
me banhei foi do teu suor
e meu brilho tem contraste
no amor e no prazer

meço tuas costas
escorregando minhas unhas
começando na nuca.
você inteiro: meu maior desespero

o brilho ao te olhar
deitado, imerso
é banho do mesmo suor
sentimento retrocesso

só me cabe força
pra sorrir
e respirar alívio
esparramada no teu peito



prazer
do Lat. placere

v. int.,
comprazer;

agradar, aprazer;
s. m.,
estado de quem se acha prazenteiro;

alegria;

jovialidade;

satisfação;

delícia;

aprazimento;

agrado;

entretenimento;

divertimento;

volúpia;

satisfação sensível ou sensual.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Diálogo do Palhaço e da Bailarina no buteco

- Aqui estou eu.
mais Eu do que nunca!
- Você, Palhaço do circo sem futuro
com a Bailarina da corda bamba do destino.
- Então eu desatino a bailar
pelas cordas bambas dos teus cabelos,
instrumento sublime
que é a voz dos teus movimentos
quando estamos unidos
pelo laço indesatável
de nossos tesos corpos.
- Corpos leves de sentimento
no trapézio do amor
onde o circo é o cenário
do viver sem rancor.
- Afinal temos de existir
de alguma maneira
seja como quem realiza
ou como quem deseja.
- Chega Palhaço,
vem e abraça tua Bailarina
se desapegue das rimas
que poema mesmo
é o que unimos
com nosso desejo!
- Então feche a conta,
que eu já perdi a conta
de quantas palavras
escrevi.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Durante a descida,
consigo pensar tanto
e o mais surpreendente
é como meu pensamento faz reviravoltas.
Saõ vários questionamentos
e perguntas que eu tenho a resposta,
mas faço questão de duvidar
pois ter certeza eleva muito o ego
e na altura da ansiedade
é preciso ter muito, muito cuidado.
É confortante ter liberdade
e o alívio de tirar os pés do sapato
após várias horas de trabalho
é um sentimento emocionante
sim, emocionante!
Bom é dividir. Dividir tudo.
Até mesmo
o cabelo sujo,
o corpo suado,
a unha surrada,
os olhos cansados,
o bocejo,
o cheiro de cigarro,
os lençóis
e a cama,
a maior culpada
de todo dia eu acordar e começar tudo denovo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

a sensação de que perdi alguma coisa;
a sensação de que esqueci algo em casa;
a sensação de quem esconde algum segredo;
a sensação de quem é nova no emprego;
a sensação de saudade apertada;
a sensação de tristeza que não existe;
a sensação de desmaio, suar frio;
Quando acordei,
achei que tivesse algo errado
Verifiquei o telefone,
me olhei no espelho
Talvez fosse uma das poucas vezes,
que acordei e não senti sono
Ansiedade,
me traz mais um café por favor!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Sturm und Drang

Antes de eu mergulhar nos teus olhos
na despedida vespertina
beijo-te os pés, calço-te as meias e as botas
em teu corpo descubro novas rotas

tua voz é minha predileta melodia
Ana, Beatriz, Sofia
és áurea Eva, Minerva, Athena suprema
Afrodite se quiser

quando, no intervalo entre nossas respirações,
desabotoamos as vestes da alma
descobrimos que mistérios velam esses vales

contemplo teu cantar de olhos fechados
e me indago que tesouros brilham
ocultos sob tuas pálpebras quando sonhas...

Outrora eu escrevera em pergaminho, Ana
o impacto que foi a conjunção das duas estrelas no céu
quando eu te encontrei nesta terra

aqui do exílio eu te escrevo, sublime Fada do Vale
saiba estou a caminho...
...e se eu quedar cativo em quimeras
eu sei, a tua magia me liberta!

Sofia, doce é tua furta-cor
teus olhos arco-íris,
teus lábios o caju silvestre...

Tempestade e Ímpeto

Ana iluminada

és a aurora descobrindo a madrugada

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Última Parada

O dia está nublado
e a minha visão é a mesma
de um pára-brisas embaçado
Como em um dia de chuva
dentro de um carro na rodovia,
a chuva é tanta,
a neblina é muita.
Quando paro o carro
no desespero,
querendo saber onde estou
pois nada enxergo,
descubro que estou exatamente
onde eu deveria estar.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

meu menino,
meu homem.
navego em teu corpo com as pontas dos dedos
e o vento que entra pela janela
espalha o calor que cresce entre nós dois
teu peito é meu travesseiro, acomoda minh'alma
e não há mais divisão, somos um só
cada plano, cada noite sem dormir
sempre juntos, dormindo ou acordados
e as vezes o quarto é pequeno para tantos sonhos
se eu durmo com bico, vc me acorda com um beijo
e seu bom dia transforma tudo em amoras
você me dá forças, me segura nas suas asas
no dia a dia, no batente, no encontro no almoço
no reencontro ao entardecer
viramos gente grande
e mesmo com as crises de "Ana" você se vira bem
nosso encontro é sempre novo
e a cada bater de asas de uma borboleta eu amo mais você
eu quero, em demasia
com desejo e força.
transpiramos nosso amor por onde passamos
e que seja sempre assim
meu homem,
meu menino.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Licença pra Saudade

hoje eu tirei licença
pra lembrar e sentir saudade
é cada coisinha pequena
os detalhes, a cumplicidade
lembro-me de quando nos encontrávamos no escritório
e ali passávamos a tarde, sem fazer nada
mas fazíamos muito, fazíamos planos
apesar de tanto tempo, tantas cartas
éramos estranhos
cada olhar lançava uma dúvida
cada beijo era uma resposta
numa dessas tardes, te abracei forte
e disse que não tinha volta
estava atrasada
você me levou até a metade do caminho
lancei um olhar e te vi ao longe se afastando
senti saudade, e uma certa tristeza
desde então eu percebi
que nada podia ser feito
nunca na metade do caminho,
mas sim até o infinito.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

SenhoraSABETUDO

Ah! Um dia eu ainda me aborreço
e te devolvo toda sua arrogância e prepotência
Quisera eu ser burra e menos curiosa
não sairia por aí lendo o que não presta
e tirando conclusões precipitadas do amadurecimento
Sou menina nova, estudo com gosto,
estou aprendendo a lapidar o mundo
Não chego ao fim da música antes da hora
nem pulo nenhuma das partes,
sempre acerto o tom.
Eu sei muito bem colocar os pingos nos "is",
embora o uso da crase ainda me confunda.
Eu ainda chegolá.
Eu não beiro o envelhecimento,
minhas flores estão desabrochando
e minha juventude perdurará por toda vida,
porque fui moça de família
e desde pequena aprendi oque é humildade
Todo ser é sábio, mas aquele que muito se afirma
um dia é pego pela própria língua.
Não nego minhas origens,
nem faço propaganda "eu sou mineira"
não uso minha terra, pra adorar outro lugar
Cada ser tem seu aconchego,
e é pra lá que ele volta todo natal, virada de ano
e essas parafernálias todas.
Eu não me afligo, eu dou licença
e você passa "cheia de graça, no doce balanço"
Não te conheço minha SenhoraSABETUDO,
mas sei que me adora!
De alguma maneira minhas palavras te confortam,
te confrontam, te incomodam? Obrigada.
Eu sonho além,
e já li tantas vezes que eu posso voar...
eu já tracei meu destino,
nem cidade maravilhosa, nem terra da garoa
eu vou é pra ilha perdida,
eu vou é pro Paraíso.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Gangorra

nenhum fim está mais perto
que o recomeço
noites de choro
reza arrogante
malas prontas
orgulho ferido
nenhum fim está mais perto
que o recomeço
emoção renovada
fé concertada
planos pra viagem
amor prometido

domingo, 6 de janeiro de 2008

Imagina se pudéssemos voltar à 1968...

Como assinante da Folha de São Paulo, todo final de semana eu recebo uma revista Época edição especial. A revista desse final de semana foi sobre o ano de 1968 "O ano das transformações"... depois de ler páginas e mais páginas não pude deixar de escrever um pouquinho aqui, pois a matéria me encantou! Mesmo quatro décadas depois, 68 continua sendo visto como o ano da experimentação livre de drogas, do psicodelismo, do anticoncepcional, da minissaia, do sexo livre, do feminismo, da defesa dos homossexuais, dos protestos, das revoltas dos estudantes, da tropicália e do cinema marginal brasileiro. "Foi, em suma, o ano do "êxtase da História", frase do sociólogo frânces Edgar Morin, um dos pensadores mais importantes do século XX. Bob Dylan disse recentemente que 68 foi o último ano em que as utopias, todas as utopias eram aceitas, hoje em dia, segundo ele, "ninguém mais quer sonhar". Alguns afirmam que o ano simboliza a loucura de milhões de jovens cabeludos e rebeldes que queriam destruir a moral da velha sociedade. Eu, e mais e mais pessoas afirmam: é muito mais que isso. Nesse início de 2008 estão previstos vários eventos em comemoração aos 40 anos de 1968. No Rio de Janeiro, a Universidade Federal promove um ciclo de debates com especialistas estrangeiros e brasileiros, em abril. Na França e nos Estados Unidos também acontecem várias manifestações. Muitos acreditam que o mundo seria muito pior se 68 não tivesse acontecido, e eu também! A atriz Leila Diniz rompeu uma sociedade conservadora, numa época em que as mulheres nem sequer saíam sozinhas. Linda, corajosa, irreverente, saiu de casa aos 17 anos para viver com o cineasta Domingos de Oliveira, e em 1996 com o filme "Todas as Mulheres do Mundo" ganhou notoriedade quando apareceu nua. Os Beatles vão de encontro ao guru indiano Maharishi Mahesh Yogi. Fizeram o ocidente descobrir a espiritualidade oriental. Led Zeppelin faz seu primeiro show. O Tropicalismo transformou a área cultural na própria contracultura. Celso Martinez encena a peça Roda Viva, um dos maiores marcos da contracultura. Enfim, não há como não querer viver em 68. A geração de 68 atingiu, sim, seu ideal de transformar o mundo.
Agora, e a geração de hoje se preocupa com isso?

Para não Dizer Que não Falei das Flores
(Geraldo Vandré)

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam antigas lições
De morrer pela pátria e viver sem razão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Ana.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Horário de funcionamento

as mulheres estão fechadas,


após oito horas de trabalho


e mais de um mês sem visitar um salão de beleza.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008


Sobre as borboloetas paralíticas

Sim, eu sei.
Pode parecer maluquice, mas eu vou mesmo desparafusá-las e arremessá-las no jardim.
Mesmo que não possam voar, ficarão entre as flores, o devido lugar das borboletas paralíticas. Não suporto mais essa idéia de abrir a janela, levantar os vidros e vê-las ali: disfarçadas de dobradiças.

Rita Apoena